A terceira edição da Feira da Vivi ocorreu no último sábado (23/03), quando o terreno onde será construída a segunda sede do Sindicato, no Centro Histórico de Porto Alegre, foi palco de feira de artesanato e atrações culturais durante todo o dia. Neste mês das mulheres, o evento simboliza uma homenagem às mulheres, ao dar visibilidade às bancárias que empreendem e destacar o protagonismo feminino nas diversas áreas.
A Feira da Vivi promove a economia solidária com bancas de artesanato e brechó, além de apresentações de teatro e dança, declamação de trechos de livros, shows musicais, rodas de conversa, aula de defesa pessoal, oficina de camisetas e food trucks. A terceira edição da feira foi aberta pelas diretoras do SindBancários, que deram as boas-vindas às expositoras e ao público em geral.
A secretária-geral do Sindicato, Silvia Chaves, agradeceu a confiança das participantes e organizadoras do evento, que contribuíram para torná-lo um sucesso. Idealizado pelo Coletivo de Mulheres do SindBancários, a Feira da Vivi se consolidou no calendário de eventos da categoria, com a primeira edição realizada em março de 2023 e a segunda em outubro, junto do Energia Bancária.
A diretora Sabrina Muniz destacou que o evento é uma homenagem à Virgínia Maria de Faria Jorge, falecida vítima de Covid-19 em 2021. Trabalhadora da Caixa, Vivi era dirigente do Sindicato, atuava em movimentos sociais e integrava o Coletivo de Mulheres. Assim, a feira é uma forma de celebrar a vida da Vivi e de todas as mulheres.
Esquete de teatro abre a programação
Dando início à programação do evento, a atriz Elisa Lucas, do grupo “Capitu - Teatro e Pesquisa Cênica”, apresentou uma esquete da peça de teatro “Confesso que Capitu”, uma adaptação sobre a personagem do livro “Dom Casmurro”, de Machado de Assis. “Pela ótica do desejo, é recontada essa célebre obra, sob o ponto de vista feminino”, explicou Elisa. O monólogo “Confesso que Capitu” completa 20 anos em 2024 e já foi apresentado em diversas cidades do país e exterior.
Roda de conversa aborda assédio sexual
Responsável pelos atendimentos a bancárias no projeto “Basta! Não irão nos calar”, do SindBancários, a advogada Scheila Nery, do escritório AVM Advogados, participou de uma roda de conversa sobre assédio sexual. A diretora Priscila Aguirres falou sobre a necessidade de refletir sobre o assédio presente no meio bancário, que causa sofrimento e adoecimento de muitas trabalhadoras. “Nós normalizamos coisas como comentários sobre nossa aparência, pelo costume, mas não podemos normalizar isso. Não somos só um rostinho bonito, eu quero ter voz, se for só pra cumprir cota então não me chama”, afirmou.
A advogada alertou que, mesmo com cláusulas em acordos coletivos e leis de proteção às mulheres, o assédio segue ocorrendo nos locais de trabalho. Ela destacou que qualquer comentário ou ato inadequado, constrangedor, é considerado assédio sexual. “Eu já ouvi relatos de que superiores hierárquicos falaram pras bancárias ‘que roupa é essa que tu está vestindo? Com essa roupa tu não vai vender, não vai bater meta. A roupa tem que ser mais justa, o decote maior’. Tudo que traz foco pra nossa existência como mulheres, pra nossa sexualidade, numa perspectiva de nos objetificar, fazer piadas, é assédio sexual”, reforçou.
O projeto “Basta! Não irão nos calar” fornece assistência a mulheres vítimas de violência doméstica e assédio sexual. O atendimento é sigiloso e com equipe 100% feminina, treinada para garantir a privacidade da mulher. Denúncias podem ser feitas ao Sindicato pelo WhatsApp (51) 97401-0902.
Visibilidade às bancárias que empreendem
Nas bancas de artesanato da Feira da Vivi estavam à venda produtos como artigos em crochê, cosméticos naturais, óleos essenciais, roupas, acessórios, pinturas, arranjos florais, cadernos e livros. Entre as expositoras haviam aquelas que já participam desde a primeira edição do evento e também as novatas.
Mesmo experiente nos trabalhos com crochê e tricô, Marli Barrios fez sua estreia em feiras no evento de sábado. Aposentada do Meridional, a ex-bancária sempre conciliou o ofício no banco com o bordado, que começou a aprender aos 14 anos. Por muito tempo fazia apenas para dar de presente, depois passou a vender para conhecidos, até se arriscar e expandir os negócios. "Faço parte do grupo Caminhando por Aí, do Núcleo de Aposentados do Sindicato, onde fiquei sabendo da Feira da Vivi e decidi me inscrever. Gostei bastante, achei bem organizada, pretendo participar nas próximas edições", contou.
Outra bancária aposentada que esteve pela primeira vez na feira foi Cleo Barbosa. Ex-funcionária do Banrisul, ela faz esculturas em papel machê e pinturas em tela. O trabalho manual já era parte da rotina de Cleo, mas, desde que se aposentou, há cinco anos, intensificou a produção, se tornando expositora no Brique da Redenção, aos domingos. Para ela, o ofício é uma terapia, que ajudou a passar por um momento difícil, quando teve câncer de mama. "Comecei a focar no trabalho para me distrair, agora é minha paixão! Vendo para pessoas de todos os lugares do mundo, agora vim mostrar minha arte para as bancárias", disse.
Atrações musicais e artísticas
Na parte cultural da feira, teve ainda declamação de trechos de livros com Aline Felix, apresentação do espetáculo de dança “Moses”, da Karen Ibias Ballet, e shows das Feminejas, Preta Guedes, Paula Martini & The SoulFellas e o bloco Areal da Baronesa. A discotecagem ficou por conta da DJ Joelma Terto, que embalou o dia com sua animada playlist.
Nova sede é lançada
Durante o entardecer, a secretária geral Silvia Chaves e o presidente do SindBancários, Luciano Fetzner, apresentaram o projeto da nova sede da entidade. Um vídeo institucional foi exibido no telão. O prédio vai abrigar novos espaços de convivência e ampliar os serviços prestados aos sócios e sócias. A iniciativa visa dar mais conforto aos associados e ampliar o patrimônio e a sustentabilidade financeira do Sindicato para os tempos futuros.
“Muito nos orgulha lançar o projeto desse sonho que vem sendo construído coletivamente, debatido por muitos anos pela diretoria do sindicato. Nossa intenção é construir algo aqui nesse lugar que vai trazer espaço não só para os bancários, mas para Porto Alegre como um todo”, afirmou Fetzner. A ideia, segundo o dirigente, é que até o final de 2026 esteja construído todo o prédio. É importante lembrar que mesmo após concluída a construção, o tradicional prédio da rua General Câmara, 424, permanecerá em pleno funcionamento.
Ao contrário dos espigões e arranha-céus que se proliferam nas grandes cidades e da especulação imobiliária que tomou conta da capital, o novo prédio do SindBancários terá sete pavimentos, com plantas na fachada, terraço e rooftop com vista para o Guaíba e prédios históricos. Também será ecologicamente correto, com geração de energia solar. A obra é concebida pelo escritório Pulso Arquitetura.
Fonte: SindBancários Poa