A verdade está em marcha e nada a deterá.
Eu acuso os bancos de terem uma política e uma prática de gestão que geram sofrimento e adoecimento.
Eu acuso os bancos de buscar negar a realidade, mas a verdade está em marcha.
Os dados da previdência social apontam que a categoria bancária é uma das que mais afasta por problemas de saúde, especialmente, por problemas psíquicos.
O INSS e a justiça reconhecem esta relação ao consignar o benefício aos bancários.
Pesquisas e estudos de especialistas conceituados mostram a íntima relação entre a gestão dos bancos e sua organização do trabalho como fator preponderante destes adoecimentos.
Ministério Público do Trabalho e Auditoria fiscal do Ministério do Trabalho e Emprego comprovam esta situação em fiscalizações, inquéritos e Ações Civis Públicas.
O Judiciário condena em abundância essas práticas dos bancos.
A Organização Internacional do Trabalho (OIT) e Organização Mundial de Saúde (OMS) orientam medidas para enfrentar o adoecimento no trabalho, às quais os bancos ignoram.
Não tem como negar. O que mais precisa para tirar de baixo da terra plana estas verdades inexoráveis?
Eu acuso que a gestão dos bancos, na sua insana busca por resultados, impõe uma engrenagem que exerce enorme pressão sobre os trabalhadores, um verdadeiro mecanismo adoecedor.
Desenvolvem métricas complexas que poucos compreendem, mesmo na alta direção, ficando dependentes de consultorias, sem levar em conta a realidade fática dos processos de trabalho.
Determinam metas individualizantes, vinculadas a um sistema de avaliação perverso.
A pontuação dos bancários depende da entrega de resultados, do cumprimento das metas.
Este sistema tendencioso, manipula para que não seja possível uma real avaliação, pois não é possível todos atingir o máximo, obrigatoriamente alguns terão que ter nota mínima, uma manipulação da realidade do dia-a-dia laboral.
A remuneração variável é vinculada ao atingimento das metas e à avaliação, onde os produtos e objetivos mudam constantemente deixando os trabalhadores atônitos,
Eu acuso que, para fazer entregar resultados, é exercido uma pressão total.
O assédio moral virou ferramenta gerencial, com cobranças constantes, utilizando meios digitais. Essa pressão impede que o bancário desconecte do trabalho afetando sua vida familiar e sua saúde mental.
Este mecanismo faz com que o bancário tenha que se virar para atingir o exigido, sem participação na concepção e definição dos objetivos.
Caso não esteja à altura, não atinja as exigências, pode ser demitido ou descomissionado.
Não tem como negar que esta engrenagem gera adoecimento, está provado e comprovado.
Diante desta situação há elevado adoecimento e, quando adoecem, eu acuso que os bancos perseguem os bancários doentes.
Quando adoecem os bancários tem mais sofrimento, uma verdadeira via crusis.
Os bancos não orientam adequadamente sobre os caminhos para o afastamento e consequente possibilidade de tratamento. Ao contrário buscam dificultar.
Via-de-regra, os bancos não fornecem a documentação necessária para os colegas bancários.
Via-de-regra os bancos não emitem a CAT, obrigação legal.
Eu acuso que os bancos dificultam o cumprimento de cláusulas acordadas na Convenção Coletiva de Trabalho (CCT) no que tange ao adiantamento e complementação salarial, pagamento dos vales alimentação, entre outras situações.
Quando retornam ao trabalho os bancários são discriminados. Tem havido descomissionamentos, demissões, pressão para sair do banco com ofertas descaradas de acordo e segregação de colegas para que desistam e saiam do banco.
Esta situação faz com que os bancários, já fragilizados pelo adoecimento, piorem seu estado de saúde, uma verdadeira gestão desumana.
Eu acuso os bancos de praticarem uma gestão pelo medo. Processos de reestruturações constantes, fechamento de unidades, ameaças de demissão caso não batam as metas, levam aos bancários viverem em estado de permanente tensão, levando ao esgotamento e adoecimento.
Na Campanha Nacional dos bancários de 2024, O Comando Nacional busca acordar soluções que enfrentem de fato esta situação e que medidas sejam tomadas, sem negar a realidade.
Ninguém aguenta mais...
... “a insensibilidade à vida e à saúde mental do empregado; a exploração degradante do trabalho humano; a prática de assédio, de pressão excessiva, de humilhações, de discriminação; à redução da dignidade da pessoa humana do trabalhador, tratado como mera peça descartável do processo produtivo, entre outras condutas, provocam um sentimento de descrédito, de injustiça, de desesperança e de perda de valores essenciais de toda uma coletividade, e atinge bens constitucionais, que repercutem, no plano social, na dignidade de seus membros, gerando direito a reparação por dano moral coletivo pela lesão a direitos metaindividuais”. (citação de sentença condenatória contra o Banco Santander por metas abusivas e assédio moral)
Eu acuso os bancos!
Cumpra-se a sentença!
Mauro Salles Machado - Secretário de Saúde da CONTRAF/CUT